[...]
"Meu coração é o laboratório de um cientista
louco varrido, criando sem parar Frankensteins monstruosos
que sempre acabam por destruir tudo.
Meu coração é uma planta carnívora morta de fome.
[...]
Faquir involuntário, cascata de champanha,
púrpura rosa do Cairo, sapato de sola furada,
verso de Mário Quintana, vitrina vazia, navalha afiada,
figo maduro, papel crepom, cão uivando pra lua,
ruína, simulacro, varinha de incenso.
Acesa, aceso — vasto, vivo: meu coração... teu."

Caio Fernando Abreu

Nenhum comentário: