Só porque eu estava assistindo a Bridget ...


' Meu coração é um entardecer de verão, numa cidadezinha à beira-mar. a brisa sopra...'


Caio F.Abreu
"A vida, bordadeira de surpresas bonitas que também é, de vez em quando borda no tecido do caminho da gente umas histórias aparentemente sem pé nem cabeça, mas com muito coração."

Ana Jácomo

Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive.

Caio Fernando Abreu
 
Tenho vontade de escrever e não consigo (...) 
O que escrevo está sem entrelinha? Se assim for, estou perdida.

Há um livro em cada um de nós
 
in Um Sopro de Vida
Clarice Lispector
 
Ouça com o coração quando quase lhe parecer silêncio: é o meu amor falando baixinho só pra não acordar o seu medo de amar.
Ana Jácomo
Não me agüentava, mas ia. Sempre fui quando não me agüentava; a verdade é que sempre sou quando não me suporto.

Fabrício Carpinejar

"A você, que em toda manhã regressa 
de seu mais fundo 
e ninguém repara o seu esforço para subir à superfície."

Carpinejar

'A minha dor eu resolvo. A dor do outro não sei aonde colocar, onde me colocar. Faço como a minha avó Elisa. Quando alguém recusava um abraço, ela pedia para devolvê-lo.
Devolver o abraço é a dor do outro.'

Fabrício Carpinejar
Já não quero ser grande, forte, inatingível. Quero ser, por hora, de um tamanho que eu ainda me reconheça, que ainda saiba me encontrar no passado ou um dia no futuro. Quero ser humana, quero ser carne e osso, quero sentir, quero tocar… quero poder ser isso que sou na medida qualquer do tempo, estar sempre pronta a me recompor das tempestades. Não devo estar tão errada… Há tanta água no oceano que se deixa evaporar pelo único prazer de voltar a ser uma gota de chuva.

Cah Morandi

'I want to know, have you ever seen the rain?
I want to know, have you ever seen the rain?
Comin' down on a sunny day'

*ao som do incrível  Rod Stewart
Posso não saber nada do coração das gentes, mas tenho a impressão, de que, de tudo, o pior é quando entra a segunda parte da letra de “Atrás da porta”, ali no quando “dei pra maldizer o nosso lar pra sujar teu nome, te humilhar”. Chico Buarque é ótimo pra essas coisas. Billie Holiday é ótima pra essas coisas. E Drummond quando ensina que “o amor, caro colega, esse não consola nunca de núncaras”. Aí você saca que toda música, toda letra, todo poema, todo filme, toda peça, todo papo, todo romance, tudo e todos o tempo todo, antes, agora e depois, falam disso. Que o que você sente é único & indivisível e é exatamente igual à dor coletiva, da Rocinha a Biarritz.

Caio F.Abreu
Eu amo desorganizado, desvergonhado. Tenho um amor que não é fácil de compreender porque é confuso. Não controlo, não planejo, não guardo para o mês seguinte. A confusão é quase uma solidão adicional. Uma solidão emprestada. Sou daqueles que pedirá desculpa por algo que o outro nem chegou a entender, que mandará nova carta para redimir uma mágoa inventada, que estará se cobrando antes de dizer. Basta alguém me odiar que me solidarizo ao ódio. Quisera resistir mais. Mas eu faço comigo a minha pior vingança. Amar demais é o mesmo que não amar. A sobra é o mesmo que a falta. Desejava encontrar no mundo um amor igual ao meu. Se não suporto o meu próprio amor, como exigir isso? Um dia li uma frase de Hegel: “Nada de grande se faz sem paixão”. Mas nada de pequeno se faz sem amor. (…) Não me dou paz sequer um segundo. Medo imenso de perder as amizades, de apertar demais as palavras e estragar o suco, de ser violento com a respiração e virar asma. Até a minha insegurança é amor.
Fabrício Carpinejar
'Muito amor demais, é o que tem para hoje.'
[Jaya]
Vem, que eu quero te mostrar o papel cheio de rosas nas paredes do meu novo quarto, no último andar, de onde se pode ver pela pequena janela a torre de uma igreja. quero te conduzir pela mão pelas escadas dos quatro andares com uma vela roxa iluminando o caminho para te mostrar as plumas roubadas no vaso de cerâmica, até abrir a janela para que entre o vento frio e sempre um pouco sujo desta cidade. Vem, para subirmos no telhado e, lá do alto, nosso olhar consiga ultrapassar a torre da igreja para encontrar os horizontes que nunca se veem, nesta cidade onde estamos presos e livres, soltos e amarrados. quero controlar nervoso o relógio, mil vezes por minuto, antes de ouvir o ranger dos teus sapatos amarelos sobre a madeira dos degraus e então levantar brusco para abrir a porta, construindo no rosto um ar natural e vagamente ocupado, como se tivesse sido interrompido em meio a qualquer coisa não muito importante, mas que você me sentisse um pouco distante e tivesse pressa em me chamar outra vez para perto, para baixo ou para cima, não sei, e então você ensaiasse um gesto feito um toque para chegar mais perto, apenas para chegar mais perto, um pouco mais perto de mim. Então quero que você venha para deitar comigo no meu quarto novo, para ver minha paisagem além da janela, que agora é outra, quero inaugurar meu novo estar-dentro-de-mim ao teu lado, aqui, sob este teto curvo e quebrado, entre estas paredes cobertas de guirlandas de rosas desbotadas. Vem para que eu possa acender incenso do Nepal, velas da Suécia na beirada da janela, fechar charos de haxixe marroquino, abrir armários, mostrar fotografias, contar dos meus muitos ou poucos passados, futuros possíveis ou presentes impossíveis, dos meus muitos ou nenhuns eus.Vem para que eu possa recuperar sorrisos, pintar teu olho escuro com kol, salpicar tua cara com purpurina dourada, rezar, gritar, cantar, fazer qualquer coisa, desde que você venha, para que meu coração não permaneça esse poço frio sem lua refletida. porque nada mais sou além de chamar você agora, porque tenho medo e estou sozinho, porque não tenho medo e não estou sozinho, porque não, porque sim, vem e me leva outra vez para aquele país distante onde as coisas eram tão reais e um pouco assustadoras dentro da sua ameaça constante, mas onde existe um verde imaginado, encantado, perdido. Vem, então, e me leva de volta para o lado de lá do oceano de onde viemos os dois.

- Caio Fernando Abreu
Pois que podia pensar e falar ao mesmo tempo,
independente do pensamento ser a
palavra ou da palavra ser o pensamento.

Caio Fernando Abreu
"Por mais disciplinada e responsável que eu seja,
aprendi duas coisinhas que operam milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO."

Martha Medeiros
' Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores. Parece que elas querem te roubar...'

Ao som de Tiê

"Às vezes é preciso diminuir a barulheira, parar de fazer perguntas, parar de imaginar respostas, aquietar um pouco a vida para simplesmente deixar o coração nos contar o que sabe.
E ele conta. Com a calma e a clareza que tem."


Ana Jácomo

Tudo em mim anda a mil
tudo assim tudo por um fio
tudo feito tudo estivesse no cio
tudo pisando macio tudo psiu
tudo em minha volta anda às tontas
como se as coisas fossem todas
afinal de contas”

Paulo Leminski
Hoje pensei sério: se me perguntassem o que mais desejo na vida, não saberia responder. Quero tudo.
.Caio Fernando Abreu
S ó de s a c a n a g e m
de Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta à prova ?
Por quantas provas terá ela que passar ?Tudo isso que está aí no ar,
Malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro,
Que reservo duramente para educar os meninos mais pobres que eu,
Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais,
Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade
E eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz,
Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar nosso nariz.

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples
de meu pai, minha mãe, minha avó e dos justos que os precederam:
“não roubarás”, “devolva o lápis do coleguinha”, “esse apontador não é seu,
minha filhinha”.

Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar,
E sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste:
Esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexerem comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido,
Então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
Só de sacanagem!
Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba!”
E eu vou dizer: Não importa, será esse o meu carnaval,
Vou confiar mais e outra vez.

Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos,
Vamos pagar limpo a quem a gente deve, e receber limpo do nosso freguês.
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.
Dirão: “É inútil, todo mundo aqui é corrupto,
Desde o primeiro homem que veio de Portugal”.
Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal.
Eu repito, ouviram ? IMORTAL.
Sei que não dá para mudar o começo, mas se a gente quiser,
Vai dar pra mudar o final !

' Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parada. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim.'

CaioF.
' Tô nem aí pro futuro, pra celulite, tô nem aí para queixas datadas, tô nem aí pro telefone mudo, pro preço do combustível, tô nem aí se vai chover amanhã, se o presidente vai viajar, se vai voltar, tô nem aí. Tô nem aí pros especuladores da vida alheia...

Pros sentimentos das pessoas, tô aí. Para seus desejos e dúvidas, para seus medos e ousadias, tô aí. Para tudo aquilo que tem consistência, para tudo aquilo que nos comove, para o leve e o denso, para a alegria genuína e para o luto, tô aí, sim.

Tô nem aí para quantas calorias tem um bife, tô nem aí pra corrida espacial, se há vida após a morte, tô nem aí pro carro do ano, pra musa do próximo verão, pro gol mais bonito do domingo, pra manchete da capa de amanhã.

Para a grosseria e a falta de delicadeza que corrói as relações, tô aí. Para a brutalidade das pessoas, pro egoísmo, pra falta de educação e civilidade, para todos que possuem uma nuvem preta acima da cabeça e a carregam pra onde quer que vão, tô aí e me dói profundamente.

Tô nem aí pro que foi decidido na reunião de condomínio, na reunião de cúpula, na reunião de mães, nas reuniões que duram mais de dez minutos, tô nem aí pro salário dos outros, pras novas tendências...

Tô aí pra alguns, pros meus. Tô aí e estou aqui. Estou atenta. Estou dentro. Estou me vendo. Estou tentando. Estou querendo. Estou a postos só para o mínimo, o máximo. Para o que importa mesmo. Para o mistério. A verdade. O caos. O céu. O inferno. Essas coisas.

No mais, tô nem aí. Refrão e desabafo.'

Martha Medeiros
"Mudanças produzem ansiedade.Tentar sair do emprego em que me pagam mal ou estou infeliz; enfrentar pai ou mãe opressivos; romper um relacionamento amoroso que me diminuiu esmaga; evitar um convívio em que um se anula para que o outro tripudie, num processo de servidão que gera ressentimento e culpa.Sair do estabelecido e habitual, mesmo ruim, é sempre perturbador. O desejo de ser mais livre é forte, o medo de sair da situação conhecida, por pior que ela seja, pode ser maior ainda. Para nos organizarmos precisamos desmontar, refazer esse enigma nosso e descobrir qual é, afinal, o projeto de cada um de nós."

Lya Luft

* foto e trecho eu tirei do blog da Dani
Tenho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída.
Clarice Lispector

Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí ♪

Chico Buarque.


Pros meus dias de molho em casa, to abusando da HBO e seus derivados...revi um mega filme água com açucar que eu aaaamo de paixão:  Sweet Home Alabama.

- Por que você quer continuar casada comigo?

- Pra eu poder te beijar quando eu quiser


Ao som de



'Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo
, de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre 
capaz de amar e de acreditar outra vez.… uma solidão de artista e um ar 
sensato de cientista.[…] tem aquele gosto doce de menina romântica e 
aquele gosto ácido de mulher moderna.'

Caio Fernando Abreu
 
 
Esse trecho é a cara da minha mãezinha...



'e tudo é natural, 
basta nao teres medos excessivos 
- trata-se apenas de preservar o azul das tuas asas.'
 
CaioF.
Divulgando a Campanha  'salve a casa do escritor Caio Fernando Abreu'. Vamos divulgar e ajudar
a difundir essa idéia.



Amor é palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados.
         Caio Fernando Abreu

É muito certo que virá um riso espontâneo
se o pensamento der espaço a memória
ou se o livro abrir na poesia grifada.
Guardamos vestígios para que nunca,
em hipótese alguma, possamos esquecer…
Embora as tentativas sejam inúmeras,
voltamos a tempo de que ela não se apague,
não se perca, não se transfira para o jamais…
Voltar faz o futuro mais seguro.
Não fecho o coração para o passado,
Abro as portas e as janelas:
Eu saberei aonde me encontrar.

Cáh Morandi
 
Esse selinho lindo foi a Paulinha Leite quem me deu...
Meu primeiro selinho..uhu!!!

Com ele vem vem umas questões a serem respondidas...então lá vai!

1. O que te inspira?
A vontade de viver

2. Oferecer a 5 blogs fontes de sua inspiraçao:
Tô escolhendo com calma

3. Comentar sobre o blog da autora.
 Ah, Paulinha falar sobre seu blog é sentir toda essa sua emoção de menina-mulher.
Fofo e profundo ao mesmo tempo, em todos os detalhes.
Muito obrigada por esse selinho tão especial!
 beijos



Sabe o que quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela, não poderia mais sentir a mim mesma.

Clarice Lispector
É preciso cuidado com o arisco, senão ele foge. É preciso aprender a se movimentar dentro do silêncio e do tempo.

Caio F.Abreu
Se as pessoas estão sempre indo e vindo, eu só queria alguém minimamente eterno em sua duração, que me fizesse parar de achar normal essa história de perder as pessoas pela vida.
Verônica H.
Não há lugar para onde correr: as mudanças,quando precisam acontecer, sabem como nos encontrar.
Ana Jácomo
Amor é palavra que inventamos para dar nome ao Sol abstrato em torno do qual giram nossos pequeninos egos ofuscados, entontecidos, ritmados.
.Caio Fernando Abreu
''Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar. Não negue, apareça. Seja forte. Porque é preciso coragem para se arriscar num futuro incerto. Não posso esperar. Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que só sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem cobertas, sem sentido, sem passados. É preciso que você venha nesse exato momento. Abandone os antes. Chame do que quiser. Mas venha. Quero dividir meus erros, loucuras, beijos, chocolates... Apague minhas interrogações. Por que estamos tão perto e tão longe? ''

Caio F.Abreu
'Ela é intensa e tem mania de sentir por completo, de amar por completo e
de ser por completo. Dentro dela tem um coração bobo, que é sempre 
capaz de amar e de acreditar outra vez.… uma solidão de artista e um ar 
sensato de cientista.[…] tem aquele gosto doce de menina romântica e 
aquele gosto ácido de mulher moderna.'

Caio Fernando Abreu.
'Que me desculpem os apáticos,
não tenho medo de sentir.
Eu sinto muito...'

Ana Jácomo
'Mas a gente vai à luta
e inventa um novo sonho,
uma esperança, mesmo recauchutada:
vale tudo
menos chorar tempo demais.
Pois sempre há coisas boas para pensar.
Algumas se realizam.
Criança sabe disso' 
 
Lya Luft
'A propósito, o controle excessivo também cria:
rugas,
estresse,
tensão muscular, 
 
dores de cabeça metafóricas e literais,
além de um coração encolhido e mal-humorado.
Se não dá pra gente controlar, melhor apostar em lidar com
a vida com mais alegria e leveza.
Seja lá o que tiver que acontecer,
o caminho, ao menos, vai ser mais agradável'

Ana Jácomo
 'Paciência só para o que importa de verdade.
Paciência para ver a tarde cair.
Paciência para sorver um cálice de vinho.
Paciência para a música e para os livros.
Paciência para escutar um amigo.
Paciência para aquilo que vale nossa dedicação.
Pra enrolação…atalho.'

Martha Medeiros

' Tem vez que cansa. Cansam portas fechadas, chaves que não abrem as portas fechadas, a angústia por ainda não se saber como abri-las. A vontade que tece o seu ninho nos galhos mais verdejantes e passa tempos chocando ovos que parecem que não vão mais se romper. A espera pelo voo das borboletas que demoram crisálidas para se desvencilhar dos casulos. O repetido surgimento do não quando a vida da gente prepara incansáveis banquetes de boas-vindas para o sim. O quase que se prolonga tanto que causa a impressão de ser interminável. E, à espreita, sempre acompanhando os movimentos da nossa coragem, à distância, a perigosa perspectiva do nunca, aguardando cada brecha criada pelo cansaço para tentar nos dissuadir dos nossos propósitos.
Tem vez que cansa, sim. E parece que somos incapazes de mais um único passo fora do território do nosso cansaço. O ânimo desaparece sem deixar vestígios, pegadas na areia que nos levem até onde as suas águas refluem. Sabemos que ele permanece lá, em algum lugar que temporariamente não acessamos, como o sol por trás de nuvens que querem chover mas não conseguem. Sabemos que ele está lá e que precisa apenas de um tempo para se recompor. Para soprar as nuvens e voltar à cena. Para retomar o caminho com a gente. Para nos lembrar outra vez, depois de outras tantas, que, aconteça o que acontecer, sob hipótese alguma queremos desistir do que nos importa.
Tem vez que cansa. E parece que não há nada que possamos nos dizer que revitalize, de imediato, a crença na nossa capacidade de transformação. Não é raro, sequer conseguimos ouvir a nós mesmos, a comunicação interrompida pelos ruídos momentâneos da negatividade. Aquela conversa fiada mental que não nos leva a nenhum lugar bacana, o olhar estreito que não vê coisa alguma além do nosso próprio desânimo. Esse cansaço às vezes é acompanhado por uma tristeza muito doída, que pede o nosso melhor abraço; outras, por uma raiva que pode se fantasiar com um monte de disfarces. Quando a gente se cansa em demasia, o coração não canta, as cores desbotam, o tempo se arrasta pelos dias como se estivesse preso a imensas bolas de ferro.
Tem vez que a vida da gente cansa. Pele sem viço, olhos sem lume, pés doloridos, os ombros retesados pelo peso que carregamos. Cansa e precisa sentar um pouco para descansar, respirar grande, recobrar o fôlego. Cansa e procura sombras de árvores, banhos de silêncio, acalantos capazes de fazer os medos dormirem. Cansa e pede alegria, esse hidratante natural maravilhoso, também indicado para as fases de ressecamento da alma. Cansa e quer nossa atenção amorosa, nossa escuta sensível, nosso cuidado macio, a generosidade própria dos amantes, essas dádivas que afrouxam apertos, massageiam a coragem, e fazem toda diferença do mundo, não importa qual seja a textura do sentimento da vez.
Tem vez que a vida da gente cansa e, se for suficientemente amada, depois retoma o caminho ainda mais forte. Ainda mais bela, carregada de brotos das flores que mais dizem nossa alma. Inteira'
 
Ana Jácomo

'Mas a esperança é sempre mais teimosa do que eu'

Carpinejar
 
 
 
ouvindo Diante do Trono
'Para mim poderoso não é aquele que descobre o ouro.
Poderoso pra mim é aquele que descobre
as insignificâncias do mundo
e as nossas
Por essa pequena sentença
me elogiaram de imbecil
Fiquei emocionado
e chorei
Sou fraco para elogios.'
 
Manoel de Barros

'Você pode calcular quantas toneladas de luz 
comporta um simples roçar de mãos?'

Ferreira Gullar
 
 
 
' Nascemos todos os dias, quando nasce o Sol.
Começa hoje mesmo a vida que te resta.'

Lygia Fagundes Telles
'A mesma articulação que tenho para reclamar,
tenho para agradecer.
E, se posso me adornar com a alegria,
não é a tristeza que eu vou tecer.'

Marla de Queiroz
'Passamos a amar quando telefonamos para ficar em silêncio. '


Carpinejar
'Passava os dias ali,
quieto,
no meio das coisas miúdas.
E me encantei.'


Manoel de Barros
O amor nunca morre de morte natural. Anaïs Nïn estava certa.
Morre porque o matamos ou o deixamos morrer.
Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença.
Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia.
Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados.
O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos.
Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.
O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.
O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.
Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos.
No mínimo, merecia ser incriminado por omissão.
Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria.
Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas.
Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas.
Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.
O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever.
O amor é sempre assassinado. Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.
- Fabrício Carpinejar


O amor nunca morre de morte natural. Ele morre porque nós não sabemos como renovar a sua fonte. Morre de cegueira e dos erros e das traições . Morre de doença e das feridas; morre de exaustão, das devastações, da falta de brilho

Anais Nin

Quando você vier haverá o encontro
da sua busca com a minha espera.
E o seu abraço será a moldura do meu corpo.
E a minha boca o pretexto
para o seu mais demorado beijo.
E a gente vai brincar de se desmaterializar
dentro da música, de desatar auroras.

E eu vou inventar uma madrugada eterna
pra quando você tiver que ir embora no dia seguinte.
E você vai inventar um domingo que vai durar pra
sempre porque tenho preguiça das segundas-feiras.

E a gente vai rir dessa maldade da demora do tempo
pra fazer essa brincadeira de desencontro:
Quase nos deixou descrentes...
A gente vai rir dessa maldade porque o nosso amor
será a coisa mais bonitinha do mundo..

Marla de Queiroz

Adorei!

daki ó Perestroika





É esse gelo por dentro que eu não consigo entender. Você se doou tanto quando eu não pedia, e no momento em que pela primeira vez pedi, você me negou, você fugiu. É esse seu bloqueio de aço encouraçando o silêncio que eu não consigo entender.

Caio F. Abreu
 

"A gente tem o direito de deixar o barco correr... as coisas se arranjam, não é preciso empurrar com tanta força."

Clarice Lispector