'Não demora por favor
Que eu só quero te encontrar
Pra te dar de volta
Tudo o que eu sonhei
Nesse tempo que eu passei a viver depois do fim...'

Lobão

A gente vai se amar

'Enquanto houver estrelas
A brilhar na minha estrada
Pulsarà um coração novo
Atràs de um velho sonho
Que o tempo não levou
Que a força das tormentas não matou...'

Vander Lee


'SIM
Desde que eu te vi
eu te quis
Eu quis te raptar
Eu fiz um altar
Pra te receber
Como um anjo
Que caiu
lá do céu...'

Nando Reis


'(...)chove sobre mim
a chuva que eu mereço.
Invoco forças poderosas.
Quando vou poder
transformar minhas ruínas em rosas?'

Paulo Leminski

Crowded House



Era saudade, sim, eu pude dar nome quando tocou o meu instante com mãos de surpresa e me convidou pra sentir. Eu deixei que crescesse, que expandisse seus ramos, que florisse com calma, sem tentar adiá-la ou entretê-la, essas coisas que às vezes a gente tenta fazer com saudade que machuca, e vez ou outra até consegue. 

Ana Jácomo








Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda- roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. Apronto agora os meus pés na estrada. Ponho-me a caminhar sob sol e vento. Vou ali ser feliz e já volto.
 
Caio F.Abreu

'Um beijo teu

Que me empreste a alegria...'

O Teatro Mágico 

A espontaneidade e a admiração 
são os adubos naturais que fazem as relações florescerem.

Ana Jácomo

Pratododia

"Como arroz e feijão

perfeita combinação

Soma de duas metades"

O Teatro Mágico 


'Todo encanto dessa moça,
Vai ver era só dizer a ela assim:
Moça por favor, cuida bem de mim.'
 
Marcelo Camelo
Acordei sem a menor dificuldade, espiei a rua em silêncio, muito limpa, as azaléias vermelhas e brancas todas floridas. Parecia que alguém tinha recém pintado o céu, de tão azul. Respirei fundo. O ar puro da cidade lavava meus pulmões por dentro. Setembro estava chegando enfim.

Caio F.Abreu


'Eu deixo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando de mim.'

Cecília Meireles





Quando estamos receptivos, podemos descobrir coisas imperdíveis. Podemos buscá-las ou simplesmente ter o coração aberto para acolhê-las. Um poema, uma música, um alimento, uma palavra, um gesto, um jeito de fazer diferente o que há séculos fazemos da mesma forma, uma habilidade nossa até então ignorada, um detalhe na rua onde passamos todo dia, uma maneira de sorrir que nunca tínhamos percebido naquela pessoa tão amada

Ana Jácomo
A paixão testa, o amor prova. A paixão acelera, o amor retarda. A paixão repete o corpo, o amor cria o corpo. A paixão incrimina, o amor perdoa. A paixão convence, o amor dissuade. A paixão é desejo da vaidade, o amor é a vaidade do desejo. A paixão não pensa, o amor pesa. A paixão vasculha o que o amor descobre. A paixão não aceita testemunhas, o amor é testemunha. A paixão facilita o encontro, o amor dificulta. A paixão não se prepara, o amor demora para falar. A paixão começa rápido, o amor não termina.

Fabricio Carpinejar


Acordei com o amor de Emily e Oliver na cabeça...
Minha lâmpada de cabeceira está estragada. Não sei o que é, não entendo dessas coisas. Ela acende e, sem a gente esperar, apaga. Depois acende de novo, para em seguida tornar a apagar. Me sinto igual a ela: também só acendo de vez em quando, sem ninguém esperar, sem motivo aparente. Para a lâmpada pode-se chamar um eletricista. Ele dará um jeito, mexerá nos fios e em breve ela voltará a ser normal, previsível.
Mas e eu? Quem desvendará meu interior para consertar meus defeitos?

Caio F.Abreu
'Deixe que ele respire, como uma coisa viva. E tenha muito cuidado: ele pode quebrar.
Como um bebê ou um cristal: tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Escolha um fundo musical adequado — quem sabe, Mozart, se quiser uma ilusão de dignidade. Melhor evitar o rock, o samba-enredo, a rumba ou qualquer outro ritmo agitado: ele pode quebrar, o momento presente. Como um bebê, então, a quem se troca as fraldas, depois de tomá-lo nas mãos, desembrulhe-o com muito cuidado também. Olhe devagar para ele, parado no canto do quarto ou esquecido sobre a mesa, entre legumes, ou misturado às folhas abertas de algum jornal. Contemple o momento presente como um parente, um amigo antigo, tão familiar que não há risco algum nessa presença quieta, ali no canto do quarto. Como a uma laranja, redonda, dourada — mas sem fome, contemple o momento presente. Como a cinza de um cigarro que o gesto demorou demais, caída entre as folhas de um jornal aberto em qualquer página, contemple o momento presente. E deixe o vento soprar sobre ele.
Desligue a música, agora. Seja qual for, desligue. Contemple o momento presente dentro do silêncio mais absoluto. Mesmo fechando todas as janelas, eu sei, é difícil evitar esses ruídos vindos da rua. Os alarmes de automóveis que disparam de repente, as motos com seus escapamentos abertos, algum avião no céu, ou esses rumores desconhecidos que acontecem às vezes dentro das paredes dos apartamentos, principalmente onde habitam as pessoas solitárias. Mas não sinta solidão, não sinta nada: você só tem olhos que olham o momento presente, esteja ele — ou você — onde estiver. E não dói, não há nada que provoque dor nesse olhar.
Não há memória, também. Você nunca o viu antes. Tenha a forma que tiver — um bebê, um cristal, um diamante, uma faca, uma pera, um postal, um ET, uma moça, um patim — ele não se parece a nada que você tenha visto antes.
Só está ali, à sua frente, como um punhado de argila à espera de que você o tome nas mãos para dar-lhe uma forma qualquer — um bebê, um cristal, um diamante e assim por diante. E se você não o fizer, ele se fará por si mesmo, o momento presente. Não chore sobre ele. No máximo um suspiro. Mas que seja discreto, baixinho, quase inaudível. Não o agarre com voracidade — cuidado, ele pode quebrar. Não ria dele, por mais ridículo que pareça. Fique todo concentrado nessa falta absoluta de emoção. Não espere nada dele, nenhuma alegria, nenhum incêndio no coração. Ele nada lhe dará, o momento presente.
Deixe que ele respire, como uma coisa viva. Respire você também, como essa coisa viva que você é. Contemple-o de frente, igual àquela personagem de Clarice Lispector contemplando o búfalo atrás das grades da jaula do jardim zoológico. Você pode estender a mão para ele, tentar uma carícia desinteressada. Mas será melhor não fazer gesto algum.
Ele não reagirá, mesmo todo pulsante, ali à sua frente.
Respire, respire. Conte até dez, até vinte talvez. Daqui a pouco ele vai começar a se transformar em outra coisa, o momento presente. Qualquer coisa inteiramente imprevisível? Você não sabe, eu não sei, ele não sabe: os momentos presentes não têm o controle sobre si mesmos. Se o telefone tocar, atenda. Se a campainha chamar, abra a porta. Quando estiver desocupado outra vez, procure-o novamente com os olhos. Ele já não estará lá. Haverá outro em seu lugar. E então, como a um bebê ou a um cristal, tome-o nas mãos com muito cuidado. Ele pode quebrar, o momento presente. Experimente então dizer “eu te amo”. Ou qualquer coisa assim, para ninguém.'

Caio F.Abreu

Fast Car , Tracy Chapman

Quando setembro vier,
De tão azul, o céu parecerá pintado.
Caio Fernando Abreu
You're In My Heart  , do Rod Stewart

Lindo e profundo filme.

Depois de  Minha Vida sem mim, assisti a outro filme espanhol com  a Sara Polley chamado A Vida secreta das Palavras, dessa vez contracenando com Tim Robbins


'Dor, solidão, obscuridade, silêncio, amor, lágrimas, esperança são tudo palavras que cabem nesta história, onde ainda há espaço para falar do súbito silêncio que se produz antes de uma tempestade; de vinte e cinco milhões de ondas; de um cozinheiro espanhol (Javier Cámara) e um ganso. E acima de tudo, sobre o poder do amor, mesmo nas mais terríveis circunstâncias.
Na nota de intenções do filme, a realizadora remete a mensagem para uma frase de Lê Thi Diem Thúy, escritor vietnamita: "Deixa que a palavra seja humilde, saibam que o mundo não começou com palavras, mas sim com dois corpos abraçados, um chorando e o outro cantando'
de Ricardo A. P. Martins